Quinta do Casal da Granja

A Quinta do Casal da Granja está localizada no planalto de Alijó, junto da pequena aldeia – Granja de Alijó, onde a elevada altitude (600m) e brizas frescas proporcionam as condições ideais para a produção de brancos aromáticos.

A Quinta Casal da Granja originalmente teve o nome de Quinta da Carvalha e estava vocacionada para uma produção agrícola diversificada: vinha, cereais, hortícolas, pomares de macieiras e figueiras. Há notícia também de alguma pecuária, sendo a área total cerca de 30 ha de terreno.

Foi adquirida pela Real Companhia Velha em 1968, e a partir desta data começou a conversão para a cultura da vinha, abandonando-se por completo as outras culturas.

Tendo como objectivo o aumento de produção de vinhos, foi necessário aumentar a área disponível e, ao longo dos anos, foram-se comprando terrenos adjacentes. Actualmente, a quinta possui uma área total de 100 ha, dos quais 77,83 ha são ocupados por vinha.

Grandjó Late Harvest

As características geográficas e o clima da Quinta conferem-lhe elevado potencial para a produção de vinhos brancos doces, com podridão nobre.

Na vindima de 2002 foi efetuada uma pequena vinificação experimental com a casta Sémillon (Boal), atacada com podridão nobre, na tentativa da produção de vinhos de colheita tardia. Tal iniciativa, veio a constatar-se mais tarde, pela pormenorizada descrição constante dum antigo tratado de enologia (*), que já tinha precedentes, pois um enólogo de origem francesa – o professor J. Laborde, em 1910, tinha vinificado este tipo de vinho de colheita tardia, por iniciativa solicitada pela Real Companhia Vinícola do Norte de Portugal, na Granja de Alijó, precisamente na mesma propriedade e ao qual vieram a dar o nome de “Grandjó”.

O resultado foi surpreendente, pois as orvalhadas matinais seguidas de boa temperatura e exposição solar durante o dia, criam condições muito favoráveis a que o fungo Botrytis cinerea se desenvolva e ataque os bagos das uvas em sobre maturação. O vinho que faz recurso a uma tecnologia sofisticada resultou plenamente e veio mais tarde a colher grandes encómios da critica da especialidade e a ser um sucesso comercial.

A vindima é manual, muito trabalhosa e com fraco rendimento, inicia-se normalmente na primeira semana de Novembro e acaba por altura do Natal, chegando-se a passar três vezes na mesma parcela, colhendo unicamente os bagos de uva com podridão.

Recentemente plantaram-se mais áreas de vinha em locais mais baixos, com aptidão para a produção de colheitas tardias, localizadas em terras mais férteis e mais húmidas.

(*) “Vinificação Moderna”, de Pedro Bravo e Duarte de Oliveira, dado à estampa no Porto, pelas Oficinas de «O Comércio do Porto», em 1925

Caracterização, Localização e Ecologia.

A Quinta situa-se na sub-região do Cima Corgo, na freguesia de Alijó, junto à Estrada Nacional nº322, entre Favaios e Alijó.

Ao contrário da maior parte da região, a sua vocação para vinhos brancos fomentou um projecto visionário, tendo sido replantada na maioria com variedades de uvas brancas com o propósito de produzir vinhos brancos de elevada qualidade.

Estando localizada no “coração” do planalto de Alijó / Favaios, terra de Moscatel, a Quinta do Casal da Granja possui a maior área de Moscatel Galego do país.

Neste terroir específico, beneficiamos da excelente aptidão para a produção de uvas desidratadas pela ação do fungo da podridão nobre (Botrytis cinerea) de cuja vinificação especial resulta o vinho “Grandjó – Late Harvest”

Esta propriedade é formada por dois grandes conjuntos de parcelas; sendo o de menor dimensão acima da estrada, denominado “Máquina”, com 14 ha de área de mata, 6 de vinha e área urbana, onde estão localizados os edifícios que constituem a Adega da Real Companhia Velha.

O segundo e maior conjunto encontra-se abaixo da estrada e é denominado por “Carvalha”, onde se situa a maior área de vinha.

O relevo da Quinta da Granja é bem característico das zonas de planalto e traduz-se em terrenos dispostos em colinas, levemente onduladas e com declives suaves, geralmente inferiores a 15 %, o que origina para a Quinta todo o tipo de exposições, todavia são predominantes as viradas ao quadrante Sul. A altitude distribui-se entre os 500 e os 620 metros do nível do mar.

CLIMA

O clima desta Quinta não é o mais característico da Região Duriense, pois tem maior pluviosidade, é mais frio no Inverno (neva com alguma regularidade), é mais fresco no Verão e não tem temperaturas máximas tão elevadas como outras quintas de cotas inferiores, mais próximas do Rio. Sofre por isso menor aridez e as vinhas têm menor deficit de água no Verão. Este facto contribui e sustenta as razões da sua vocação e potencialidade para a produção de vinhos brancos.

Valores meteorológicos registados na quinta:

• Temperatura média anual = 12,4 ºC

• Temperatura média (Abril a Setembro) = 16,9 ºC

• Precipitação anual (média 30 anos) = 900 mm

• Somatório de temperaturas superiores a 10ºC (Abril a Setembro) = 1.365 ºC

SOLOS

A Quinta tem dois tipos de solos bem diferenciados.

Uns tipificam os solos durienses derivados do Xisto, com textura grosseira, baixa fertilidade, teores de matéria orgânica baixos, ácidos (pH <6), deficiente estrutura e, na grande maior parte dos casos, “criados” para a cultura da vinha.

Outro grupo de solos são típicos do planalto de Alijó, possuem textura mais fina, fertilidade média e teores de matéria orgânica superiores ao corrente na Região. São ácidos, melhor estruturados e de maior profundidade.

Área Total de Vinha:  77,83 Hectares

Desde há uma década que a produção da Quinta Casal da Granja se vocaciona prioritariamente para a produção de vinhos brancos e tal decisão determina a plantação quase exclusiva de variedades brancas – exceção para a casta Pinot Noir.

As parcelas de castas brancas, ou talhões, cuja reconversão é mais recente são de castas de reconhecido mérito enológico, fornecendo maioritariamente as marcas Grandjó, Evel e Porca de Murça.

Área de vinha por castas (excl. Vinhas Velhas) (B= Branco | T= Tinto)

• Moscatel Galego (B) 37,16 ha

• Sémillon ou Boal (B) 11,29 ha

• Gewürztraminer (B) 4,07 ha

• Pinot Noir (T) 4,05 ha

• Sauvignon Blanc (B) 1,90 ha

• Verdelho (B) 0,96 ha

• Moscatel Roxo (B) 0,3 ha

• Vinhas Velhas – 18.1ha

O encepamento é composto por mistura de castas tintas – sobretudo Tinta Barroca, Touriga Franca e Tinta Roriz.