Quinta do Síbio

Situada em pleno vale do Roncão, famoso pela excelência dos seus vinhos, e estendendo-se até ao planalto de Alijó, a Quinta do Síbio é uma das propriedades mais antigas da Real Companhia Velha, numa área total de vinha de 101,5 ha.

Alguns historiadores afirmam que a Quinta do Síbio foi plantada na época de fundação da Real Companhia Velha (1756), permanecendo nas mãos de uma família de apelido Jordão até 1934, altura em que foi comprada pela Real Companhia Velha.

Caracterização, Localização e Ecologia.

Após uma reconversão total das suas vinhas, esta charmosa quinta é hoje reconhecida como um dos projetos mais inovadores da região, onde praticamos uma viticultura biológica aliada a um trabalho de recuperação das mais antigas castas autóctones durienses, algumas delas já em risco de extinção.

Na cota mais baixa da quinta (Vale do Roncão), a disposição da vinha, seguindo as curvas de nível e instalada em socalcos estreitos, suportados por muros de pedra posta totalmente em xisto, caracteriza vincadamente esta propriedade. O processo iniciou-se em 1999, e englobou a recuperação e preservação dos muros bicentenários tal como foram construídos – um melhoramento fundiário único na região – que contribui para a afirmação do Douro como Património Mundial da UNESCO. A vinha ocupa, em toda a sua extensão, as vertentes de encostas declivosas, cujo relevo original possuía inclinações superiores a 40%, a altitudes compreendidas entre os 120 e os 300 metros. A exposição predominante das cotas mais baixas é para o quadrante Sul (S, SW). Esta exposição é muito interessante pois contribui para formação dum microclima particular muito favorável a boas maturações.

A quinta compreende duas áreas de vinha bem distintas; 11 ha  de vinha instalados em socalcos, na quota baixa, com as castas tintas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Amarela e as pouco cultivadas Sousão e Tinta Francisca (todas em talhões estremes), sendo que os restantes 90,5 ha (quota alta), e predominantemente de uva branca, estendem-se sobre o planalto de Alijó.

Essas vinhas no planalto de Alijó, servem como palco para um projeto experimental e também muito inovador onde recuperamos, estudamos e vinificamos algumas das castas brancas mais antigas da região tais como Samarrinho, Donzelinho Branco, Touriga Branca, Esgana Cão, entre outras.

CLIMA

No vale do Roncão as vinhas são submetidas a um elevado índice de aridez, em razão das altas temperaturas estivais e acentuado défice de água no Verão. Enquanto que no planalto de Alijó, as características climáticas divergem com maior pluviosidade, é mais frio no Inverno (neva com alguma regularidade), mais fresco no Verão e não tem temperaturas máximas tão elevadas. Por essas razões, menor aridez e as vinhas têm menor deficit de água no Verão. Este facto contribui e sustenta as razões da sua vocação e potencialidade para a produção de vinhos brancos.

SOLOS

No vale do Roncão, os solos são bastante característicos da região, xistosos e muito pedregosos, reacção ácida e muito pobres em matéria orgânica. Já no planalto de Alijó, as diferenças são nítidas tendo dois tipos de solos bem diferenciados. Uns tipificam os solos durienses derivados do xisto, com textura grosseira, baixa fertilidade, teores de matéria orgânica baixos, ácidos (pH <6), deficiente estrutura e, na grande maior parte dos casos, “criados” para a cultura da vinha. Outro grupo de solos são típicos do planalto, possuem textura mais fina, fertilidade média e teores de matéria orgânica superiores ao corrente na região. São ácidos, melhor estruturados e de maior profundidade.

Área total de vinha: 101,5 ha

• Vale do Roncão – 10,96 ha

• Planalto de Alijó – 90,5 ha

Em 1999 iniciou-se no vale do Roncão, na cota mais baixa da quinta, um ambicioso programa de investimento, com a recuperação de muros e a plantação de novas vinhas, em talhões estremes e seguindo a orientação das castas referenciadas no antigo cadastro da quinta na Casa do Douro. No planalto de Alijó, surgem 90,5 ha de vinha contínua, onde estão presentes as duas vertentes: a tradição através de vinhas velhas de uva branca em mistura; a inovação, através de parcelas extremes de castas autóctones minoritárias (algumas quase em extinção), plantadas como propósito de preservar o património da região.

Área de vinha por castas (excl. vinhas velhas) (B= Branco | T= Tinto)

• Viosinho (B) 11,15 ha

• Arinto (B) 8,62 ha

• Síria ou Códega (B) 6,97 ha

• Alvarinho (B) 6,91 ha

• Fernão Pires (B) 5,69 ha

• Samarrinho (B) 4,77 ha

• Encruzado (B) 4,06 ha

• Touriga Nacional (T) 2,94 ha

• Moscatel Ottonel (B) 2,12 ha

• Malvasia Rei (B) 1,93 ha

• Touriga Franca (T) 2,55 ha

• Bastardo (T) 1,17 ha

• Rabigato (B) 3,63 ha

• Sousão (T) 0,96 ha

• Touriga Branca (B) 0,77 ha

• Tinto Cão (T) 0,73 ha

• Tinta Amarela (T) 0,71 ha

• Tinta Francisca (T) 1,07 ha

Alicante Bouchet (T) 1 ha

• Donzelinho Branco (B) 0,5 ha

Gouveio Branco (B) 1 ha

• Cerceal-Branco (B) 0,33 ha

• Vinhas Velhas Uva Branca: 7,78 ha

O encepamento é composto por mistura de castas brancas – sobretudo Viosinho, Rabigato, Arinto e Gouveio.

• Vinhas Velhas Uva Tinta: 24.1 ha

O encepamento é composto por mistura de castas tintas – sobretudo Tinta Barroca, Touriga Franca e Tinta Roriz.